Porque Valeu a Pena Eu Ter Vivido - Parte I
Primeira Parte
Tive uma infância cheia das mais belas e encantadoras experiências que uma criança pode viver. Éramos cinco, duas irmãs e três irmãos. Meus pais não frequentavam igreja alguma, e por isso nos domingos se juntava bom grupo de crianças da vizinhança para brincarmos, durante todo o dia, e o tempo passou voando.
Entre os anos de 1935 e 37 meus pais se converteram graças ao trabalho missionário do Pastor Georg Ziegler e foram batizados em Erechim, cidade para onde mudamos tempos depois, saindo de Quatro Irmãos onde morávamos. Havia neles uma alegria incontida e a necessidade de se alimentarem da palavra de Deus, por isso estar perto da igreja era fundamental.
Nossa permanência em Erechim foi breve, mudamos para Capo Erê, onde adquirimos uma propriedade bem próxima ao templo da Igreja Batista. Foi uma mudança para melhor: Culto pela manhã a cada domingo, Escola Bíblica Dominical e reunião da mocidade à tarde, sendo cada novo domingo melhor do que o anterior, e assim fui crescendo, recebendo inúmeras bênçãos das mãos divinas. Depois de seis anos frequentando a igreja e sendo tocado a cada dia pelo Espírito Santo, no dia 8 de dezembro de 1940, aceitei pela fé a Jesus como meu Salvador e Senhor, através da pregação de seu servo Pastor Oskar Horn. Além de mim, outros três convertidos e discipulados se batizaram num açude no dia 13 de abril de 1941. Uma grande alegria para Deus, para a família e para a igreja. Mas foi curta a minha permanência como membro da igreja em Capo Erê, pois meus pais queriam muito que aprendesse uma profissão, visto já estar com 16 anos, a fim de ter um futuro melhor. O próprio pastor Oskar Horn me levou a Carazinho, e me encaminhou como aprendiz na então Firma Pedro Rehn & Filhos. Comecei a trabalhar na ferraria, pouco depois na marcenaria e gostei mesmo. Infelizmente a alegria durou pouco, devido à escassez de encomendas, o trabalho foi realizado pelos mais experientes e os novos foram despedidos, entre os quais também eu estava. Seis meses depois, em 1943, consegui vaga na Kepler & Weber de Panambi, onde permaneci 10 anos.
Em Panambi aprendi a viver a vida cristã autêntica. Pela graça de Deus fui professor dos juniores, e três anos consecutivos Presidente da Mocidade; cantei no coral da igreja e toquei segunda voz no violino, na orquestra da Igreja Batista Emanuel. Realmente foram os anos áureos de minha mocidade. Participei durante 10 anos dos Congressos da Mocidade Batista, nos quais vivi experiências inéditas. Valeu? E como valeu! Nas férias ia para a casa dos pais e os ajudava nos trabalhos da roça. Um dia, estando trabalhando ao lado de minha mãe, ela se sentiu inspirada para contar algo da vida na Europa, Polônia, Alemanha e Rússia. A certa altura não me contive e perguntei: Mãe, se na Europa foi tão bom, porque imigraram para o Brasil? ‘‘Teu pai queria ficar rico”, foi o que respondeu. Materialmente meu pai nunca ficou rico, embora sempre tivemos vida confortável e digna. Mas meu pai, minha mãe e todos os seus cinco filhos encontraram aqui no Brasil a “riqueza” maior de todas, encontraram a Deus, pela fé em Cristo Jesus. Valeu a pena termos vindo para o Brasil? E como valeu vir e viver a vida com Jesus!
Em Panambi, após mensagem sobre Isaías 6.6-8 proferida pelo Pastor Ricardo Pitrowski, um apelo de entrega da vida ao santo ministério da Palavra, após luta interna, levantei e me apresentei, como alguém pronto para atender ao chamado de Deus, mas não fui logo, somente em 1953, após novo e reforçado chamado, fui estudar no Seminário Batista do Sul do Brasil, com sede no Rio de Janeiro. Terminado o curso, recebi convite da Primeira Igreja Batista de Ijuí, RS, onde a 18 de dezembro de 1955 fui empossado pastor auxiliar ao lado do pastor Oskar Horn. Servi na Igreja sede, La.28, Ajuricaba e Monte Alvão. Em fins de fevereiro de 1957 atendi ao chamado da Igreja Batista Emanuel, em Panambi-RS, para assumir os trabalhos de sua Congregação em Carazinho. Aceitei e em 3 de março do mesmo ano fui empossado pastor da Congregação do Glória. Em 19 de outubro de 1958 fui Ordenado Pastor, por um Concílio de pastores por ocasião do 2 Congresso de Pastores daquele ano. Um dos pontos altos foi, quando minha mãe que esteve presente, veio à frente para agradecer a Deus, por ter chamado um dos seus filhos para o santo ministério, desejando que Deus o usasse para a Sua glória. Que emoção para mim! A Congregação foi organizada em igreja autônoma, a 6 de novembro de 1960, e no mesmo ano, em 18.11.1960, casei-me com a jovem Laura Nelly Rehn. Permanecemos neste ministério até junho de 1963, quando recebemos e aceitamos o chamado da Primeira Igreja Batista de General Rondon, para assumir os trabalhos de sua Congregação, com sede em Guaíra, PR. Foi uma mudança muito dura e difícil em todos os sentidos, estradas péssimas, ônibus precário, três dias de viagem, e pó por todos os lados; enfrentamos tudo isto e muito mais por amor a Jesus Cristo e sua igreja. Quase todos os membros eram desconhecidos a nós, mas em pouco tempo éramos uma grande família que se amava. Lançamo-nos ao trabalho de corpo e alma. Realizamos vários batismos no Rio Paraná.
Ainda em Guaíra, não poderíamos ter deixado de conhecer as mundialmente famosas "Sete Quedas", criadas por Deus, e que demonstram a sua incomparável grandeza e poder. Muitas vezes fomos vê-las e cada vez ficamos tomados de emoção e admiração pela esplêndida obra do Criador, lembrando o Salmo 19.1: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento as obras das suas mãos".
De Guaíra fomos várias vezes a Foz do Iguaçu, para conhecer as majestosas Cataratas do Iguaçu. Ficamos extasiados diante da potência das águas. Maravilha, maior do que os olhos conseguem enxergar. Olhando toda aquela beleza, vem à mente o hino "Quão Grandioso és tu!" Sim, o nosso Deus é incomparável. O único digno de louvor e adoração.
Gustavo Neumann - Pastor da Primeira Igreja Batista em Marechal Cândido Rondon - PR
(Segue na próxima Postagem)