Ensinando a mensagem do Reino com a Pregação
Reino de Deus é um dos temas mais complexos e, ao mesmo tempo, mais importantes de toda a Bíblia. Não entender corretamente este tema pode gerar uma série de dificuldades para a interpretação de textos bíblicos como também de outros temas das Escrituras. Pode criar problemas também em nossas pregações se não discernirmos corretamente este assunto.
Alguns confundem “Reino de Deus” apenas com a questão escatológica, como se fosse possível resumir o Reino ao período chamado “milênio”. Entretanto, Reino de Deus é muito mais amplo, pois já se manifesta de alguma forma no Antigo Testamento, irrompe a história humana de forma definitiva na pessoa de Jesus e aguarda uma consumação final por ocasião da volta de Cristo.
De forma bastante resumida, poderíamos dizer que o Reino de Deus é o domínio soberano e dinâmico de Deus sobre todas as coisas em todos os tempos. Este reino, ou este domínio, manifestase de diversas formas em diferentes momentos da história. Sua importância pode ser vista pelo fato de ter-se tornado o centro da pregação de Jesus Cristo. Logo após o batismo realizado por João Batista, que também pregava sobre o Reino (Mt 3.2), a Bíblia nos informa que “daí em diante Jesus começou a pregar: ‘arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo’” (Mt 4.17). Este é o primeiro ponto a destacar: o ensino sobre o Reino de Deus deve ser o centro da nossa pregação.
Jesus está ensinando sobre as preocupações da vida, em meio ao Sermão do Monte (Mt 6.25-34), Ele exorta enfaticamente: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (v. 33). Este é o segundo destaque que precisamos dar: o objetivo da nossa pregação deve ser levar pessoas a buscar o Reino de Deus. As outras coisas serão consequências desta decisão mais importante na vida de qualquer ouvinte da pregação do Evangelho do Reino
Entre as inúmeras verdades do Sermão do Monte, está a oração do Pai Nosso. Nela Jesus ensina a orarmos: “Venha o teu Reino” (Mt 6.10). Nossa pregação também deve levar as pessoas a esperar o Reino de Deus sobre as suas vidas. Isso significa submeter-se totalmente à vontade do Deus do Reino: “seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu” (v. 10). Quando oramos desta forma, pedimos a Deus que Ele opere a Sua vontade aqui na terra e em nós, da mesma forma como ela é feita nos céus, ou seja, de forma absoluta. Esse é o terceiro destaque: nossa pregação deve levar pessoas a submeter-se ao Reino de Deus.
Logo após Jesus ter pregado o ‘Sermão do Monte’ (Mt 5 a 7), que é um resumo da essência do que se espera dos membros do Reino de Deus, Mateus informa que “as multidões estavam maravilhadas, porque Jesus as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei” (Mt 7.28-29). A autoridade de Jesus sobre este tema, diferentemente dos outros mestres da época, vem do fato de viver a mensagem do Reino que Ele pregava. Daí podemos retirar nosso quarto destaque: viver o Reino de Deus é a melhor forma de pregar esta mensagem. Será isto que dará autoridade à nossa pregação.
Finalmente, nossa pregação deve levar as pessoas a esperar a consumação do Reino. Os capítulos 24 e 25 de Mateus são considerados o Sermão Escatológico de Jesus, quando Ele fala de sua segunda vinda. A imagem retratada neste sermão é de Cristo vindo em glória, como Rei do Reino, assentado no trono celestial (Mt 25.31,34). A ênfase nestes capítulos é que, embora não saibamos quando isto acontecerá, a vinda do Rei é certa e precisamos estar preparados para este dia. Este é o quinto e último destaque: nossa pregação deve preparar as pessoas para a consumação do Reino. Nossa pregação terá sido em vão se falharmos em preparar as pessoas para este momento crucial da história.
Pregue a Palavra, insista, quer seja oportuno, quer não (2Tm 4.2). Esta Palavra tem como centro o domínio soberano de Deus sobre todas as coisas e é isso que precisamos proclamar através da nossa pregação.
Pr. Claiton André Kunz
Pastor da PIB em Ijuí e diretor da Faculdade Batista Pioneira